

. A
Pesca do Atum
A s A r t e s P i s c a t ó r i a s
A
Fuseta tradicionalmente é uma vila piscatória na qual os tipos de pesca
praticados são artesanais. Os
pescadores empregam
nas suas actividades uma grande variedade de artes, aparelhos e utensílios,
tendo em
atenção o tipo de pescaria praticada. O acesso a estas
pescarias está condicionado de certo modo ao tipo de embarcação que vai
delimitar as dimensões da arte ou aparelho que cada embarcação pode
transportar.
As
principais artes aplicadas
são: a “caçada”, a pesca com alcatruzes, a pesca com “murejonas”
e a pesca com a rede de
“emalhar”:
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O
“alcatruz” é uma vasilha de barro com trinta a quarenta
centímetros de altura que visa exclusivamente a captura de
uma espécie, o polvo. O princípio desta pesca é que, uma
vez o alcatruz no fundo do mar, o polvo tem a tendência a
fazer dele um abrigo onde permanece, e para onde leva os seus
alimentos. A agitação das águas quando está temporal,
sobretudo quando está “levante” (vento do sueste), faz
aumentar a tendência do polvo para se abrigar no alcatruz. É
assim que se pode dizer que os invernos são de certo modo bem
vindos e os temporais desejados pelos pescadores que se
dedicam a este tipo de pesca.
Quando
se tiram os alcatruzes do mar por vezes, estão cheios de
conchas vazias, o que indica que um polvo lá
entrou ou ainda
lá está.
Para retirar o polvo do alcatruz não se pode puxar pois ele
agarra-se tenazmente por meio das ventosas às paredes do
alcatruz e é necessário seguir um método. Normalmente,
deita-se um pouco de cal líquida lá para dentro,
procurando
atingir os olhos do polvo que, sai imediatamente. A acção da
cal é de tal modo forte que quando se trata de animais de
certas dimensões chegam na sua aflição a rebentar o
alcatruz. Se se encontram muitos polvos e a cal se acaba, o
melhor remédio a utilizar é a urina.
Os polvos apanhados, são imediatamente imobilizados por meio
de um golpe de faca entre os olhos que lhes corta todo o
movimento dos tentáculos e do qual vêm a morrer após algum
tempo.
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Os
"côvos" ou "murejonas" como geralmente são designados, são
armadilhas de forma circular confeccionados em arame e que, tal como os
alcatruzes destinam-se a permanecer no mar.
No
topo da murejona, existe uma abertura afunilada que termina em pontas de
arame voltadas para baixo. O peixe que não experimenta dificuldades em
ali entrar, depara ao tentar sair com aquelas
pontas que o fazem
retroceder. O artifício usado para levar o peixe a entrar no covo é a
deposição de berbigão moído no fundo daquele. O fabrico de murejonas
é inteiramente artesanal, sendo pouco exercido na Fuseta.
-
O
objectivo principal da “caçada” é a pesca da pescada embora fiquem
no anzol outras espécies de peixes como o peixe espada, o espadarte
imperial, a xaputa, o cherne, etc.
O
aparelho é constituído por uma série de pequenos estralhos que numa
extremidade tem o anzol e na outra liga-se a um fio de nylon central onde
se ligam todos os estralhos. Este fio de nylon liga-se por sua vez a duas
bóias. Vivendo
a pescada a profundidades mais ou menos atingíveis, uma vez fisgada e
obrigada a vir à tona, enche-se frequentemente de ar e fica a flutuar com
o ventre branco voltado para a superfície o que facilita o trabalho do
pescador. Por vezes, peixes já de certas dimensões, alguns com várias
dezenas de quilos, vêm nos anzóis.
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A
rede de emalhar designada por caçada de redes que em regra é constituída
por trinta a cinquenta "panos" de redes rectangulares, com cerca de
sessenta metros de comprimento e, 1,5 m a 2 m de largura.
O
princípio desta técnica é que, não vendo a rede que é bastante fina,
o peixe ao tentar passar no local onde ela se encontra, fica preso nas
suas malhas tendo tendência a ficar cada vez mais “emalhado”, à
medida que se debate.
Para
saber mais...
Tópico
Relacionado -
A Barra da Fuseta.
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Outro
tipo de pesca importante no passado desta terra mas já não praticada é a
pesca do atum.
Bibliografia:
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A
Pesca do Atum
Quando
o Mediterrâneo não atingira ainda o grau de poluição que hoje o caracteriza, o
atum do Atlântico Norte para ele se dirigia todos os anos, em grandes cardumes,
para a desova. Os pescadores algarvios, habituados a vê-los passar duas vezes em
cada ano estudaram a hipótese de tirar proveito dessas passagens, montando as
chamadas armações, com possibilidade de facilmente abrirem do lado oeste ou do
lado este, apanhando assim em Maio e Junho o atum de direito antes da desova e
em Julho e Agosto o atum de revés, já desovado.
Nos
nossos dias, os atuns que passam são em número reduzido e a existência de
grandes arrastões torna inútil o trabalho da armação. Perdeu-se assim o copejo, tipo de pesca específico do atum que alguém chamou a tourada do mar. Das
velhas armações e do que era o copejo do atum restam hoje as memórias dos
mais velhos, um excelente texto de Raul Brandão e algumas recordações nos
museus de Faro. Devido à minúcia da reprodução, é possível compreender a
complexidade do aparelho que permitia encerrar os atuns e apanhá-los um a
um. Compreende-se também a razão por que os pescadores preferiam abrir a
armação cada vez que os roazes se introduziam e ameaçavam destruí-la.
Na
prática, apanhado o peixe em compartimentos de dimensões variáveis, os homens
aproximavam-se em minúsculos botes e travavam verdadeiras lutas corpo a corpo
com o animal até o dominarem e meterem dentro das atuneiras. Se tivermos em
conta que cada atum pode atingir 400Kg, compreende-se quão duro era o duelo,
não sendo raros os casos em que o homem era vencido.

Pouco
a pouco, no entanto, os novos métodos foram ganhando terreno e por volta de
1970 apenas funcionavam duas das treze armações que existiam no princípio do
século, sendo hoje a pesca artesanal do atum uma memória na história do
Algarve.
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